Friday, December 30, 2005

Porque talvez o seu futuro não aceite visa! (O livre arbítrio)


Numa altura de crise surgem diversas perguntas. Todas, no fundo, a mesma: Como irá ser o futuro? É um momento de reflexão porque só o futuro mas também o presente parece menos claro do que nunca! Essas dúvidas que são de sabor amargo, criam uma certa azia e um desconforto permanente, ou pelo menos isso acontece enquanto nada está decidido.
Sobre as escolhas. Como as fazemos nós?
E será que as fazemos? Haverá livre arbítrio? Se considerarmos que uma parte das decisões que tomamos diariamente são resultado de uma reflexão condicionada pela nossa experiência passada e tendo sempre em conta a responsabilidade da própria sobrevivência, não podemos considerar que há livre arbítrio.
Nunca existirá livre arbítrio, enquanto existirem leis. Até mesmo as físicas como a gravidade são limites ao nosso livre arbítrio.
Ironicamente as regras sociais, incessantemente discutidas, são parte da procura de livre arbítrio. A democracia contemporânea, muito diferente daquela outra na antiga Grécia, que oferece a possibilidade de que a classe mais baixa e mais desfavorecida, infelizmente a maioria, possa fazer as suas, podendo assim colocar os seus problemas em questão pela acção política. A mesma maioria, que parece controlar o seu futuro está condicionada pela sua desinformação, sendo por isso facilmente manipulada por grupos de interesse, uma minoria, que querendo continuar com o poder não lhes interessa uma maioria informada. É essa mesma maioria, que decide, ou que pelo menos vota, pensando que está a decidir alguma coisa e no fim de contas já tudo foi decidido por eles.
O livre arbítrio é por isso uma completa ilusão humana.
É estranho que se procure tanto um livre arbítrio, quando os que o procuram mais acabam numa prisão, ou por morrer assassinados. Veja-se o exemplo de Unabomber, que resolveu lutar por isso e acabou preso, quase condenado à morte, ou de Martin Luther King. Um visto como um criminoso porque para dizer o que pensava tentou matar e o outro visto como herói porque morreu a dizer o que pensava. Se um usou bombas, enquanto o outro usou palavras, os dois procuraram um livre arbítrio tomando as suas opções.
O livre arbítrio é uma idealização. Mas não é ter um carro novo, ainda que isso seja agradável, não é ter uma casa perto da praia, ainda que se deseje ter uma. O que é o livre arbítrio então? Para algumas pessoas é certo que é o carro e a casa, ou até um hambúrguer no McDonald's!
São as mesmas que votam a pensar que escolhem alguma coisa.

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